Desenvolvimento:

André Piva

Editora:

Débora Luz

Diagramação e Arte:

Laura Moura

Repórteres:

Amanda Vasconcelos

Bruna Evelyn

Candy Ferraz

Débora Luz

Kenidy Santana

Laura Moura

Lucas Salatiel

Mavi Oliveira

Surama Marjouri

Thaynnara Kirlianne

Fotos:

Alysson Souza

Ana Moraes

Emanuel Tadeu

Joellen Alves

Leydson Jackson

Mayra Ferreira

Rondinelli de Paula

Domínio Público



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Introdução

André Piva

Na diversa e criativa produção artístico-cultural do ​povo nordestino, belas e expressivas poéticas textuais ​e imagéticas formam uma rede simbólica sobre a forte, ​aguerrida e contestadora Região que contradiz ​preconceitos, estigmas e estereótipos seculares

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Nas últimas décadas, mesmo que ainda perdurem enunciados de ​preconceitos, estigmas e estereótipos particularmente, ​principalmente na política do ódio e da ignorância extremo ​direitista das redes sociais, destaca-se a mudança da rede ​discursiva que enaltece o Nordeste em imagético-discursivos com ​trópico prazeroso para vivências turísticas mediante a atratividade ​de suas praias e riqueza cultural, qualidade de vida e pelo ​progresso e desenvolvimento econômico.

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TEATRO

A Teatralidade Nordestina: Memória e Afeto

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Reportagem:

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Amanda Vasconcelos e Kenidy Santana

Toda a identidade social é expressa em diferentes aspectos culturais de um povo, ​como o sotaque, memórias, costumes, culinária, vivências e demais elementos de sua ​vida cotidiana, com destaque para as suas produções artísticas, como o teatro, uma ​atividade artística em constante evolução em diferentes períodos cronológicos no ​percurso do tempo da humanidade, cujas temáticas quase sempre desafiaram normas ​e convenções da sociedade de seu momento histórico, com o estímulo ao pensamento ​crítico, às emoções e à conexão entre o público e as questões apresentadas na ​dramaturgia da peça encenada.

Fotos - Joellen Alves

Os autores e diretores em muitas encenações exploram questões sociais, políticas e culturais de modo a ​promover a conscientização e a reflexão sobre temas como gênero, poder, identidade, preconceito, ​xenofobia, violência, entre outros questões de grande interesse, conteúdos historicamente vistos no ​teatro nordestino ao longo de gerações, por marcar suas temáticas regionais em tempos e espaços ​atrelados às ações de resistência e em enfrentamento ao poder, colonialismo e exploração do povo.

Por outro lado, o teatro nordestino alcança alta projeção principalmente por desenvolver tramas da cultura popular, tão ​presentes nas obras emblemáticas de Ariano Suassuna, com identidade, especificidade e enunciados discursos próprios e ​originais, aspectos presentes em outros nomes de relevância do teatro regional, inclusive contemporâneos, como Everaldo ​Vasconcelos, Marcélia Cartaxo, Thardelly Lima, Zezita Matos e tantos outros, a exemplo dos componentes da Companhia ​Boca de Cena, Grupo Teatral Piollin e Grupo Bigorna, entre os demais grupos com trabalhos altamente enaltecidos.

Fernando Teixeira, ator, dramaturgo e diretor, reconhecido como o nome vivo mais relevante do teatro nordestino fala desta ​sua arte em uma visão que também posiciona a região em relação à sua cultura histórica e identidade.

Fotos - Joellen Alves

“O teatro me ensinou que a grande pátria de um ator é ​o palco”

- Fernando Texeira

Nascido em Conceição, município do Vale do Piancó, ​sudoeste da Paraíba, Fernando Teixeira é vencedor de ​diversos prêmios: melhor ator no Festival Comunicurtas pela ​atuação em “O Hóspede”, de Anacã Agra e Ramon Porto ​Mota, além das dezenas de espetáculos encenados – entre ​eles o “Auto da Compadecida”, “Papa Rabo”, “Anayde, 15 ​anos depois” e “Fogo Morto”, além de ter atuado em quase ​30 produções cinematográficas.


Fotos - Joellen Alves

Foto - Joellen Alves

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Fernando conta que o teatro é uma ​parte fundamental da sua atividade ​artística desde a juventude, que ​tendo começado como um ​brinquedo de criança, permaneceu ​como uma ferramenta expressiva ​com a qual interage com o mundo.

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“O teatro me ensinou que a grande pátria de um ator é o palco, aprendi a conviver com as pessoas independentes de seus lugares de origem, que quando estamos na atividade teatral procuramos nos respeitar em função do que somos como criadores, e sempre estamos em sintonia com o lugar que nos acolhe e, se estou no nordeste do Brasil, os aspectos culturais deste lugar é o que me alimenta.”

Fotos - Joellen Alves

Fotos - Joellen Alves

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Em especial João Pessoa, que é definida pelo ator como um ponto de conexão: ​“A cidade de João Pessoa, carinhosamente apelidada de Jampa, localiza-se no ​centro do antigo supercontinente pré-histórico chamado de Pangea há cerca de ​240 milhões de anos. Para verificar isso basta procurar pelo mapa de Pangea na ​internet. Toda aquela região central do antigo supercontinente é onde hoje se ​localiza a atual região nordestina do Brasil, por isso acho que ela tem a ​característica de conectar com a primeira alma do mundo.”

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Fernando Texeira afirma que a cultura nordestina ​antes do Brasil ser Brasil tem a ver com a sua ​história como terra antiga de Abya Yala, nome com o ​qual os povos originários designam todo o ​continente e que significa terra fecunda, pois já ​havia cultura aqui. O Brasil começou a ser ​desenhado nesta região, por isso ele diz que todos ​os brasileiros são também nordestinos, também ​participam da energia deste DNA que tornou ​possível toda a nação brasileira.

Fotos - Joellen Alves

“O Nordeste é como um lugar que os seus ​habitantes, nascidos ou abduzidos, irão carregar ​por toda a vida, esta é uma terra cuja energia ​contamina as pessoas com uma pulsação de ​vida e resiliência, de contemplação e luta pela ​liberdade e pela beleza. É um lugar que ​favorece a criatividade, mas também não acho ​que seja algo para se tratar com o status de ​uma terra especial, pois todas as fronteiras se ​diluem e todos os recantos são igualmente ​importantes”, conta o diretor.

Fotos - Joellen Alves

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Fotos - Joellen Alves

As imagens exibidas durante a ​matéria são da fotógrafa Gabriela ​Osoegawa durante a peça “O ​Testemunho do Cangaceiro”, escrita ​pelo dramaturgo Chico de Assis e ​encenada pelos alunos de Teatro da ​Universidade Federal da Paraíba ​durante a Semana Cênica de 2023. ​Conta uma história ambientada no ​sertão nordestino, mostrando um ​homem que tenta cumprir uma ​promessa feita a um falecido, ​descobrindo no caminho o bem e o ​mal dentro de si e dos outros.

Foto - Joellen Alves

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MÚSICA

O despertar do Nordeste

Reportagem:

Bruna Evelyn e Laura Moura

Em parceria com

Ao se buscar projeções simbólicas da identidade nordestina com sentido de resistência e ​inconformismo, ou mesmo protesto, encontramos enunciados plurais no percurso do tempo em ​vários segmentos da sociedade, em especial, no campo das artes e culturas, áreas de maior ​visibilidade e interações pelas suas marcas de prosa e poesia que sempre instigam, emocionam e ​arrebatam. Nos círculos dos próprios agentes produtores nordestinos, lembramos do cinema, desde ​os filmes de Glauber Rocha ao mais recente Bacurau, os personagens fortes e originais, de fibra, ​ilustram a ideia, no teatro e literatura, entre tantos outros, como não citar o imortal Ariano Suassuna ​e João Cabral de Melo Neto, além dos demais de um grande rol de autores geniais.

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Contudo, fiquemos com a música, de temática nordestina, certamente, sob o entendimento de que se trata ​de uma arte tão popular e efetiva ao traçar marcantes tessituras imagético-discursivas, uma linguagem ​muito eficaz no dinamismo da construção identitária no meio social, com muitas canções revestidas de aura ​de expressão simbólica genuína, com letras e ritmos envolventes, o vigor e determinação para de dizer que o ​Brasil do Norte se posiciona, rechaça preconceitos. Com a palavra Geraldo Vandré e Chico Buarque.

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“Seguia como num sonho, e boiadeiro era um rei

Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo

E nos sonhos que fui sonhando, as visões se clareando

As visões se clareando, até que um dia acordei”

Disparada - Jair Rodrigues

A canção ‘Disparada’ de Jair Rodrigues retrata a vida sertaneja, desde o sofrimento até a sua ​força inabalável. Em toda a sua história, o povo nordestino é marcado pela resistência e luta, ​conhecidos como reinventores do seu próprio futuro. E com a música isso não é diferente. ​Como na composição, ela desperta numa mistura de notas que exaltam não só a cultura ​nordestina, mas a sua trajetória para construção de uma identidade única.

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Com o triângulo, acordeão e a viola ao seu lado, Luiz ​Gonzaga, o rei do baião, popularizou o que seria conhecido ​como a música nordestina. Encantando de norte a sul com ​obras revolucionárias, ele inventou o “êxodo cultural”, ​levando sua arte para outras regiões com a esperança de ​que um dia recebesse o devido valor. Contra todas as ​expectativas, obteve sucesso. Entretanto, surgia uma nova ​tendência: a valorização musical do nordeste a partir da ​aprovação das regiões sul e sudeste, além da restrição ​dessa manifestação cultural. Mais uma vez, ​imperceptivelmente, essa arte era amarrada e controlada ​como marionete. Disparada também foi uma obra marcante ​como enunciação de protesto, em sua época, à ditadura ​militar implantada em 1964, como também às injustiças ​sociais, já que um de seus principais sentidos era a ​denúncia da crônica exploração no Brasil dos mais ricos, os ​mais alinhados aos militares, aos mais pobres, na verdade ​sempre tratados como gado, conforme alude a letra da ​canção do incomparável Vandré.

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“O forró faz parte do cotidiano do nordestino. A vivência do forró vai além do ritmo. É um universo que envolve vários aspectos como culinária, dança, literatura, artes cênicas, entre outros. Desse modo, o forró está presente na vida do povo nordestino de uma forma muito expressiva. É um dos fatores mais importantes na expansão da nossa cultura. Os festejos promovem educação social e vai até o desenvolvimento econômico da região”, comenta Betinho Lucena, integrante do grupo de forró “Os Fulano”.

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“Esta cova em que estás, com palmos ​medida. É a conta menor que tiraste ​em vida”

Enterro de um Lavrador - Chico Buarque

O gingado nordestino ressoa por todo o país, invadindo corações com ritmos ​vibrantes e letras ferozes. Como um espelho de seu povo, a música reflete as suas ​raízes, gritos e choros. Limitá-la é ferir toda uma nação e, logo em seguida, ​“recompensá-la” com sua cova medida. Ao quebrar essas visões distorcidas, são ​reveladas faces perdidas em reflexos sem fim. De fato, a música nordestina vive, mas, ​ouvindo além do é proposto, quais são esses lados esquecidos e como são definidos?


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Para além de técnicas específicas, um gênero musical se relaciona à sua origem histórico-geográfica, ​influências culturais da região e, principalmente, seu povo. Frevo, maracatu, xaxado, coco, baião, forró e tantos ​outros estilos musicais são característicos da localidade, já perpetuados como tradicionais. Contudo, a melodia ​nordestina vai muito além do ritmo acelerado do frevo, dos batuques do maracatu ou instrumentais do coco, ​sua verdadeira essência consiste na diversidade, palavra-chave para definir a sua musicalidade.

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MÚSICA

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Vozes Marginalizadas

“Começando uma vida diferente

De que a gente até hoje tem vivido

Imagina o Brasil ser dividido

E o Nordeste ficar independente”

Nordeste Independente - Elba Ramalho

Para trilhar seu caminho de pluralidades musicais, o nordeste ​tem feito o que faz de melhor: se reinventado. Nesta nova ​versão independente, sua musicalidade transita desde os ​ritmos tradicionais até os contemporâneos e novos estilos ​que têm surgido. Apesar da pressão cultural e tradicional, ​gêneros como metal, rock, punk e muitos outros têm crescido ​cada vez mais, se unificando ao atual cenário musical num ​embolado de sons, letras e vozes. O nordeste rompe com ​preconceitos e grita por sua liberdade, agora entoando o seu ​ser.

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Para as gêmeas do duo Bravia, Mayra e Mayara, ​a música nordestina é o reflexo da pluralidade ​regional e todas as possibilidades de se fazer ​arte. “Acontecem transformações culturais, ​cultura é algo em movimento e ao mesmo tempo ​é a tentativa de preservar a memória de um ​povo”, comenta o duo.

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Casa de Farinha

Bravia

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Ao escolher um caminho musical divergente, o olhar crítico dos que o cercam se faz presente. Aqueles que não entendem veem desrespeito nas notas dissonantes que desafiam a tradição. Entretanto, não se trata de rejeitar raízes, mas sim de revelar os múltiplos nordestes existentes, numa forma de identidade. O estigma obscurece o brilho da individualidade, mas a pluralidade expande horizontes nunca antes imaginados.

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literatura

literatura

Cada terra tem seu norte, cada ​gente tem sua sorte!

Reportagem:

Surama Marjouri e Lucas Salatiel

Em parceria com


Jornais como “O Besouro”, editados na Capital Federal, Rio de Janeiro, lá na segunda ​metade do século 19, retratavam o atraso do Nordeste, com narrativas depreciativas sobre a ​região, ao descrever a seca e suas consequências: atraso, miséria e dependência. Relatos ​que se tornaram uma constante, repetidos no correr de décadas.

Mais tarde, os textos da imprensa, também ​prolixos, passaram a incluir a migração dos ​nordestinos para Sudeste, nos quais as mãos ​calejadas dos sertanejos eram apontadas ​como os instrumentos edificadores das ​grandes cidades. Estabeleceu-se, assim, uma ​rede discursiva única e recorrente, vista ​historicamente como estratégia política para ​se ter mão de obra barata ou mesmo uma ​retórica sensacionalista sobre uma terra ​condenada ao subdesenvolvimento em virtude ​de seu povo dolente.

Light Inside Library

Mas, houve quem denunciasse a pobreza da região ​como um fator político, o aproveitamento das ​intempéries climáticas pelas oligarquias locais que ​criaram e fizeram perdurar por décadas a indústria ​da seca, em textos literários que narram histórias ​fictícias, porém representativas, da realidade social ​da região, desenvolvidos por célebres escritores, ​como:

O baiano Jorge Amado, o alagoano Graciliano ​Ramos e o paraibano José Américo de Almeida, ​cujas obras são reconhecidas como manifestos ​contrários ao sistema de concentração fundiária

que explora e exaure os trabalhadores.

Contudo, nas últimas três décadas o Nordeste se afirmou com sua riqueza ​ambiental e cultural, passou a ser visto, em função do turismo, como um ​paraíso tropical, imagem de enaltecimento que junto aos atrativos de interesse ​para os visitantes, como as praias, o artesanato, os monumentos históricos, a ​culinária, a música, a receptividade, também faz a identidade regional ser vista ​de forma mais nobre, como um povo aguerrido, resistente e criativo.

Novas projeções identitárias instigam produções ​literárias contemporâneas, escritores com temas ​sobre o Nordeste da atualidade, como é o caso do ​paraibano Ricardo Oliveira, mestre em comunicação, ​com trabalhos com marketing de conteúdo, que em ​seu primeiro livro desenvolve uma narrativa ​estilística com elementos distópicos, apocalíticos e ​da cultura Geek, além de também abordar clássicos ​de obras literárias de sucesso internacional.

Assim, o desafio do escritor é dar visibilidade a essa ​atmosfera já aclamada nestes nossos novos tempos, ​para uma obra de singularidade pessoense.

A história aborda a vida do arquiteto e protagonista João que tem seu condomínio invadido ​por um gás tóxico misterioso, sendo o único sobrevivente que teve que lidar com as mortes ​em massa. Ele revira o passado dos seus vizinhos, familiares e amigos de infância através de ​diversos momentos no percurso do tempo.

Ricardo Oliveria nos falou sobre a sua obra e suas ​motivações para escrevê-la.

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Entrevista com Ricardo Oliveira autor

do livro

Verde Gás

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TAB UFPB: Como

a cultura da Paraíba influenciou

na sua obra literária? Há elementos culturais ​específicos que você escolheu destacar?

Ricardo: “ ‘Verde Gás’ eu comecei a escrever em ​2018 e a razão foi a mistura de dois fatores: ​primeiro a vontade de escrever alguma coisa ​sobre ficção, sobre a realidade política brasileira, ​no contexto de tudo que estava começando a ​surgir em 2016 e o estalo para o roteiro e ​ambientação foi uma realidade específica de ​João Pessoa. Andando pela cidade, como é uma ​cidade histórica, no meio de muita modernidade, ​você encontra prédios antigos, abandonados ou ​que nunca foram restaurados, com cara de ​apocalipse”.

“Eu gosto muito de narrativas pós apocalípticas, de histórias de fim de mundo, no cinema, na literatura, e associei as duas ​coisas e pensei nesse cenário em João Pessoa”. “Lendo o livro você vai acabar vendo bairros, ruas específicas, lugares ​que remetem a coisas que a gente conhece de verdade na cidade, apesar de tudo ser uma ficção”.


“Talvez a gente ainda esteja muito preso a um certo tipo de representação do que é uma narrativa ficcional, que se passa ​em cidades do Nordeste. Por muito tempo no século 20 se retratou um Nordeste nesse aspecto de seca, de Zona Rural, ​de Sertão, ... no fim das contas eu escrevi querendo ler alguma coisa que leio pouco, que é uma história que se passa no ​centro urbano nordestino e que fosse distópica e de ficção científica, e não apenas realística”.

TAB UFPB: Que aspectos e temas políticos ​são abordados no seu livro?

Historical heritage of João Pessoa, Paraíba
João Pessoa, Paraíba, Brazil.

Ricardo: "No meu caso, especificamente na minha história, foi muito mais o recorte do Brasil em João Pessoa. ​Eu não tratei especificamente de realidades políticas que eu acho que só são de João Pessoa, a ​contextualização de cenário, de comportamentos, de jeito de falar é bem pessoense. Quando vocês tiverem ​acesso ao livro, vão ver como os diálogos se caracterizam. Uma festa, como se fala de um determinado lugar, ​essas coisas são bem de João Pessoa.

Mas a política, eu escolhi João Pessoa como uma representação do que ​aconteceu no Brasil nos últimos cinco, seis anos. Essa política que começou ​a se descobrir desencantada com um certo tipo de governabilidade no ​Brasil e que por conta disso começou a aceitar que uma boa solução seria ​mais à direita, mais conservadora, e mais no sentido relacionado, uma ​ligação muito forte entre religião e política".

TAB UFPB: Em um comentário do seu livro "Verde Gás" você ​afirma que é muito importante ter cenários da nossa ​realidade como paraibanos para que possamos nos conectar, ​você acha que fazendo isso pode despertar mais o interesse ​de quem mora nas cidades, mas não lê com frequência?

Ricardo: Eu cresci vendo “O Auto da ​Compadecida” passar pela primeira vez ​na televisão, depois se tornar filme, e ​quando eu descobri que a casa onde a ​maioria das coisas acontece, é a casa ​onde eu fui para uma colônia de férias na ​minha infância, que é a casa da Fazenda ​Boi Só, isso muda a sua cabeça, porque ​você começa a se sentir valorizado de ​alguma forma”.

Imagens: arquiteturaeviver.blogspot.com

“A gente não tem muitas vezes noção de quanto isso é importante para se sentir representado, o se sentir ​representado muitas vezes não precisa nem mesmo que você diga: Eu me sinto representado!

Não precisa verbalizar isso, só a identificação inicial já é muito importante”.

“A gente está muito preso a um tipo

de representação que é uma narrativa ficcional que se passa nas cidades

do nordeste no aspecto

de seca e pobreza”


Ricardo Oliveira

TAB UFPB: Como foi a experiência cultural e ​antropológica que você viveu “fantasiado de ​cosplay do protagonista do seu próprio livro” ?

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Ricardo: “Foi muito legal! Foi uma das ​experiências mais difíceis de arrumar coragem ​para fazer!”.


“A literatura em geral, não apenas a paraibana, ​sofre muito com a falta de incentivo financeiro, ​dificilmente você vive de literatura no Brasil, ​vender livros e viver disso é praticamente ​impossível, por essas questões é muito difícil ​para quem escreve um livro ter tempo de pensar ​em estratégias de marketing e executá-las por ​conta própria”.

“Não me faltam ideias para fazer essas maluquices!” “Eu pensei que, se eu colocasse a máscara que o ​personagem usa, eu iria me sentir mais à vontade, e foi o que aconteceu. Eu estava em um evento como ​impressa, e conhecia várias pessoas que trabalhavam no evento, desde expositores a pessoas da ​organização, e eu passei pela maiorias delas e a maioria delas demorava a entender que era eu.


A máscara ajudou a me sentir mais protegido, menos envergonhado e ao mesmo tempo isso foi ​extremamente importante para campanha da obra, eu estava fazendo uma campanha de financiamento ​coletivo, que precisava chamar atenção, ter destaque e esse foi o vídeo que teve mais visibilidade da ​campanha, justamente o vídeo que eu tomei a decisão de fazer a coisa mais arriscada”.

Ricardo: "Eu tenho desde da adolescência um apego ​muito grande por história, só que nos últimos anos eu ​intensifiquei muito essa relação de querer me ​aprofundar em alguns temas específicos...


Aí quando eu comecei a pensar: tanto tempo faço e ​vou continuar fazendo o texto jornalístico, que ​teoricamente tem que representar essa realidade de ​forma objetiva, e a subjetividade no máximo a gente ​deixa para linguagem, mas ainda se espera que você ​esteja fazendo um retrato da realidade, pensei: na ​ficção eu acho que poderia retratar algumas coisas ​que eu vi, ouvi e senti, não necessariamente com ​precisão histórica, mas transmitindo os sentimentos ​que eu acho que não teria uma matéria jornalística"

TAB UFPB: Você acha que pode está resgatando ​uma vontade dos jovens em ler, trabalhando ​aspectos geek, cultura nerd ?

Ricardo: “Eu queria que fosse uma ​história massa, que as pessoas ​curtissem, que os jovens gostassem ​de ler e que eles se identificassem.

Na soma desses fatores, um ​personagem que está andando pela ​cidade, de Intermares até o ​Altiplano, do Renascer ao Roger, que ​anda pela cidade de diferente formas ​e que ao mesmo tempo remeta a ​essas ficções que eles já estão ​acostumados”.

TAB UFPB: Você acha que literatura Nordestina tem ​espaço no cenário nacional?

Ricardo: “Acho, acho muito! Eu sou prova viva disso, ​porque estou em uma editora que é de Novo Hamburgo ​(RS). Não sou o primeiro Paraibano, nem o primeiro ​nordestino que essa editora escolhe. Não é a primeira ​editora a fazer isso, pelo menos entre as editoras ​independentes, que é onde está acontecendo essa ​novidade”.

“Nas editoras independentes ​está surgindo de forma mais ​intencional, a gente quer ​especificamente abrir mais ​espaço para autores nordestinos ​que escrevam bem, que tenham ​boas histórias para contar”.


“A literatura está em um ​momento muito novo em que os ​influenciadores nordestinos tem ​um papel fundamental”.


“Espero que quando uma pessoa passe pelas prateleiras e veja que ​a história se passa em João Pessoa, que isso faça a diferença”

Ricardo Oliveira

GASTRONOMIA

Na Paraíba tem sabores de todos os cantos, para todos os buchos

Reportagem:

Débora Luz e Mavi Oliveira

Em parceria com

A gastronomia nordestina nasceu antes mesmo do Brasil. Com suas raízes ​mergulhadas nos temperos indígenas, africanos e portugueses, a culinária regional ​tem gosto de mestiçagem e, em cada estado do País, a forma aculturativa apura o ​próprio sabor, ao produzir pratos tão diversos quanto primorosos.


Do sertão ao litoral, a gastronomia nordestina estimula os sentidos e agrada ao ​paladar de quem a experimenta. Na Paraíba, por exemplo, há uma enorme variedade ​com opções para todos os gostos.

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Fotos - Alysson Souza

A gastronomia nordestina nasceu antes ​mesmo do Brasil. Com suas raízes ​mergulhadas nos temperos indígenas, ​africanos e portugueses, a culinária ​regional tem gosto de mestiçagem e, em ​cada estado do País, a forma aculturativa ​apura o próprio sabor, ao produzir pratos ​tão diversos quanto primorosos.


Do sertão ao litoral, a gastronomia ​nordestina estimula os sentidos e agrada ​ao paladar de quem a experimenta. Na ​Paraíba, por exemplo, há uma enorme ​variedade com opções para todos os ​gostos.

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Especialmente na região do ​sertão e do semiárido paraibano, ​os múltiplos ingredientes, ​temperos, condimentos e ​especiarias são utilizados no ​preparo da galinha de capoeira, ​carne de sol, carne de bode e ​queijo coalho.

Na capital, João Pessoa, cidade que já se projeta como polo gastronômico do Nordeste, a culinária regional ​surpreende com a sua explosão de cores, aromas e sabores de pratos servidos em muitos estabelecimentos, como ​o restaurante Tonho de Martinha, localizado no bairro de Mangabeira, um original e marcante exemplo de ​gastronomia plural e popular. A marca foi criada em 2021, inicialmente como delivery e, em seguida, conquistando ​dois pontos físicos - um no Bairro dos Estados e outro no Shopping Tambiá.

De acordo com Stenio Diro, idealizador do empreendimento, em entrevista ​cedida ao TAB UFPB, o objetivo do Tonho de Martinha foi: “Criar um sabor ​único. Não precisa ser o melhor, nem o mais gostoso, mas precisa ser o ​sabor que tem aqui”. Proposta que restaurante cumpre com maestria, ​mediante sua originalidade e diferenciais.

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Seu cardápio conta com pratos tradicionalmente nordestinos, mas com ​uma roupagem nova, renomeados e incrementados com condimentos do ​mundo inteiro. “A gente utiliza uma mistura com ingredientes paraibanos, ​temperos indianos e o modo de preparo árabe”, afirma Stênio. Os sabores ​do local, então com base na culinária brasileira e nordestina, porém com ​pluralidade de misturas, originam os sabores únicos do Tonho de Martinha.

Esse combinado de temperos que há nos pratos ​do restaurante une páprica doce, páprica ​picante, fumaça em pó, lemon pepper, cominho, ​pimenta do reino, açafrão, manjerona, alecrim, ​coentro… e por aí vai! Uma variedade de ​condimentos que se unem em pratos com ​nomes originais: o rubacão, comum nas casas ​nordestinas, transforma-se em “rubatonho”. O ​fettuccine alfredo, célebre e tradicional prato ​italiano, recebe elementos nordestinos, como o ​queijo coalho, o queijo de manteiga e a goma de ​tapioca no seu preparo, e se apresenta como ​“Fei é Tu e Teu Tio Alfredo”.

E não é só na criação dos pratos que a marca dá um ​show de criatividade, mas também em sua própria ​concepção, em uma odisseia que envolve paixão e ​comida, que fizeram nascer Tonho de Martinha: “Tem a ​história por trás deles, é que Tonho deu a volta ao ​mundo procurando uma pessoa mais bonita que ​Martinha e não achou, e nessa volta ao mundo ele ​provou todos os temperos” conta Stênio. Os ​personagens, Tonho e Martinha são representados pela ​figura de dois fantoches, que ocupam as redes sociais ​da marca esbanjando humor e linguajares de afeto com ​os consumidores, assim como dois avós fariam com ​seus netos.

Nessa mistura de originalidade e criatividade, há espaço também para o que Stenio aponta como o principal diferencial da ​marca (além do seu sabor único): o preço. Na capital paraibana, a média do valor de uma refeição é de R$25,00, mas no ​Tonho da Martinha todos os preços estão abaixo desse valor, mediante sua proposta de ser uma casa com apelo bastante ​popular, conforme a sua característica e objetivo: É uma revolução comunista para encher o bucho de todo mundo. Ele é. ​Foi criado pra isso. A missão da gente é encher buchos e bolsos, para encher mais buchos ainda”.

O Tonho de Martinha é um dos exemplos de como a riqueza da culinária ​paraibana se revela como um rico mosaico de fusões gastronômicas. O ​resultado é a celebração da herança da culinária paraibana, enriquecida ​por influências de todas as partes do mundo no céu da nossa boca.

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Da galinha de cabidela ao arroz vermelho, do ​arroz de graxa ao rubacão, encontramos um ​universo inexplorado de sabores à nossa ​espera. Cada prato é uma oportunidade de ​descobrir novas formas de apreciar a cozinha ​do lugar. O rubacão, por exemplo, revela-se ​em múltiplas variações, todas com o potencial ​de encantar os paladares mais exigentes.

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FESTIVIDADES

Alavantu ao São João do povo

Reportagem:

Candy Ferraz e Thaynnara Kirlianne

Em parceria com

Uma grande, típica e histórica festividade nordestina é o São João. Conhecida por parte do Brasil como ​simplesmente festa junina, no Nordeste o São João celebra a tríade sagrada: São João, São Pedro e também ​Santo Antônio, e carrega uma importância cultural e econômica para todos os estados da região, com direito ​a forró, quadrilhas, comidas típicas de milho e diversas manifestações artísticas. Na Paraíba, em Campina ​Grande, a 120 km da capital João Pessoa, acontece o famoso Maior São João do Mundo, que desde 1983, há ​exatos 40 anos, entrega uma festa rica em cores, personagens, atrações artísticas e múltiplas vivências ​lúdicas, em exaltação ao jargão "30 dias de festa", desde a sua segunda edição. Sim: são trinta dias seguidos ​celebrando a época mais aguardada por muitos paraibanos, que em Campina Grande acontece no Parque do ​Povo, área central da cidade com capacidade para receber 57.278 pessoas, de acordo com o Corpo de ​Bombeiros da Paraíba, e se distribui ao redor da famosa Pirâmide do Parque do Povo, um espaço criado para ​que as danças fossem contempladas como centro da festividade.

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Nela, famílias, casais, crianças e adultos ​demonstram o melhor do arrasta-pé. Por todo ​o resto da imensidão do local, o ambiente é ​composto pelos pavilhões com barracas de ​bares e restaurantes, shows pirotécnicos ​marcantes, fogueira artificial do Parque do ​Povo – ponto de encontro para muitos – e o ​palco principal com sua chamativa ​programação que reúne os mais diferentes ​gêneros musicais, inclusive aqueles sem ​identificação com a cultura junino-nordestina.

Ressaltar o forró e a música popular nordestina sempre foi uma premissa dessa festividade, como ​num pacto entre quem a faz e quem a contempla. No entanto, como cantava Luiz Gonzaga, ​​"Tinha ​mais animação / Mais amor mais emoção / Eu não sei se eu mudei / Ou mudou o São João", há um ​grande questionamento sobre a preservação da memória cultural de uma festa que é também a ​identidade de um povo, e que agora ganha um caráter político-publicitário, dando espaço a ​camarotes com visão privilegiada e a outros ritmos em detrimento do forró local. Em 2023, em meio à ​edição que marcava os 40 anos do São João de Campina Grande, uma grande discussão tomou conta ​das redes sociais em todo o país, chegando inclusive aos assuntos mais comentados da rede X, ​antigo Twitter, e ganhando repercussão nacional em diversos veículos de comunicação. A queixa era ​unânime sobre a falta de respeito de tirarem do palco mais cedo o cantor Flávio José, sanfoneiro ​paraibano com célebre e longeva carreira, além de legião de fãs desde os anos de 1980, para que ​Gusttavo Lima, um dos maiores nomes do sertanejo atual, pudesse fazer a sua apresentação.

O próprio cantor deu seu depoimento sobre como se sentiu acerca do ocorrido, e ganhou o ​apoio de outros cantores populares, como Santanna.

Outro aspecto muito comentado nessa mesma edição diz respeito ao fato de o "Parque do Povo" não ser mais tão do povo ​assim, e sobre o fluxo de segregação que vem sendo reforçado edição após edição. No perfil do Levante Paraíba, ​movimento organizado por jovens que estão à frente de pautas sociais, um post questionando o título de "Maior São João ​do Mundo" ganhou mais de 1.500 curtidas. Nele, a luta dos trabalhadores ambulantes que fazem suas vendas ao redor do ​Parque do Povo era apresentada, e a denúncia de privatização do local de trabalho veio junto a um vídeo publicado.

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Na verdade, a total privatização do Parque do ​Povo ocorre desde o ano de 2017, ato que eiva de ​suspeições os discursos políticos de que “todos ​ganham com a festa”, afirmação histórica e ​consensual relativa à grande festa campinense ​que passou a ser complementada com a ideia de ​que “uns ganham muito mais que os outros”. Já ​que o evento passou a sem altamente rentável ​para àqueles que mantém nebulosas relações com ​a administração municipal. Nas festas, portanto, ​como tudo o mais que acontece na vida em ​sociedade é campo de desigualdades e disputas, ​sempre há vencedores e vencidos, e se expõem as ​mesmas mazelas das diretrizes capitalistas.

Todavia, em termos de resistência, ao menos do campo do simbólico, detalhe muito válido ​para projetar o Maior São João do Mundo para todo o país, graças à enorme cobertura ​midiática é o povo é quem literalmente faz a festa, saboreando-a ao seu modo, vivenciando ​suas ofertas lúdicas, intensa e entusiasticamente, considerando-se, em especial, que as ​celebrações envolvem questões de pertencimento identitário, um conjunto de ​comportamentos que, mesmo aleatório, paradoxalmente, acaba contribuindo (e justificando) ​com a obscura associação do segmento político-administrativo com o comercial.

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Uma coisa é certa: uma festa com títulos ​tão importantes e datada no calendário ​nacional merece revisitar a sua proposta ​e, sobretudo, ouvir o seu público. Afinal, ​para que continue sendo grande e do ​povo, é preciso que o Maior São João do ​Mundo convide todo mundo a dançar e ​se deliciar. Alavantu (à frente), mas ​também anarriê (voltar) se o São João ​não for do Povo.

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Publicado em 24 de abril de 2024

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